Qual relação existe entre o Magnificat e a Eucaristia?


Leitura: Lucas 1,46,56


 Antes de responder à pergunta do título, é preciso definir os termos. O que é o Magnificat? O que é a Eucaristia? O Magnificat é o texto bíblico mais longo colocado na boca de Maria. Aqui, não se fala de Maria, mas é ela que fala: fala de Deus e das maravilhas que Ele realizou nela, no mundo e no seu povo.

Com a expressão Magnificat, versão latina de uma palavra grega que tinha o mesmo significado, é celebrada a grandeza de Deus, que com o anúncio do anjo revela sua onipotência, superando as expectativas e as esperanças do povo da aliança e, inclusive, os mais nobres desejos da alma humana (Lucas 1,46-56).

Frente ao Senhor, potente e misericordioso, Maria manifesta o sentimento de sua pequenez: “Minha alma proclama a grandeza (magnificat) do Senhor; alegra meu espírito em Deus, meu salvador, porque olhou para a humilhação de sua escrava” (Lucas 1,46-48).




Magnificat e a Eucaristia referem-se a uma atitude de agradecimento a Deus


Quanto à palavra Eucaristia, o Catecismo da Igreja Católica (n. 1328) oferece uma breve definição, observando que a riqueza inesgotável do Sacramento Eucarístico é manifestada mediante os vários nomes que se dão a ele, cada um evocando algum dos seus aspectos. O texto menciona os verbos gregos eucharistein (Lucas 22,19; 1 Co11,24) e eulogein (Mateus; Marcos 14,22), que guardam relação com as bênçãos judaicas nas quais se louvava e agradecia a Deus pelas Suas obras: a criação, a redenção e a santificação.

Os dois termos ‘Magnificat’ e “Eucaristia’, pois, referem-se a uma atitude de agradecimento a Deus pelos seus benefícios. A esta altura, porém, é muito interessante analisar a reflexão do Papa S. João Paulo II que mostra uma profunda ligação entre os dois termos.

De fato, no dia 17 de abril do ano de 2003, S. João Paulo II publicou uma encíclica sobre a Eucaristia. Este documento começa com a seguinte frase: “A Igreja vive da Eucaristia”. Daí, o título do texto na língua latina Ecclesia de Eucharistia. O sexto e último capítulo dessa encíclica tem o seguinte título: “Na Escola de Maria, Mulher Eucarística”. Afirma que Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele. À primeira vista, o Evangelho nada diz a tal respeito, pois a narração da instituição, na noite de Quinta-feira Santa, não fala de Maria. Mas Ela estava presente no meio dos Apóstolos, quando, “unidos pelo mesmo sentimento, se entregavam assiduamente à oração” (Atos 1,14) na primeira comunidade que se reuniu depois da Ascensão à espera do Pentecostes. E não podia certamente deixar de estar presente nas celebrações eucarísticas, no meio dos fiéis da primeira geração cristã, que eram assíduos à “fração do pão” (Atos 2, 42), a primeira expressão que foi utilizada para falar da ‘Eucaristia’. Para além da sua participação no banquete eucarístico, pode-se delinear a relação de Maria com a Eucaristia indiretamente a partir da sua atitude interior. Maria é mulher eucarística na totalidade da sua vida.

 Se a Eucaristia é um mistério de fé que nos obriga ao mais puro abandono à palavra de Deus, ninguém melhor do que Maria pode servir-nos de apoio e guia nesta atitude de abandono.


Maria praticou a sua fé eucarística


De certo modo, Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. Existe, pois, uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amém que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor.

Ao longo de toda a sua existência ao lado de Cristo, e não apenas no Calvário, Maria viveu a dimensão sacrificial da Eucaristia. Ela, pois, ouviu o velho Simeão anunciar que aquele Menino teria sido ‘sinal de contradição’ e que uma ’espada’ havia de trespassar também a alma d’Ela (Lucas 2, 34-35). Maria, então, vive uma espécie de ‘Eucaristia antecipada’, dir-se-ia uma ‘comunhão espiritual’» de desejo e oferta, que terá o seu cumprimento na união com o Filho durante a Paixão.


Entrar na escola de Maria


E na Eucaristia, ‘memorial’ do Calvário, está presente tudo o que Cristo realizou na sua paixão e morte. Por isso, não pode faltar o que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor. De fato, entrega-Lhe o discípulo predileto e, nele, entrega cada um de nós: ‘Eis aí o teu filho’. E de igual modo diz a cada um de nós também: ‘Eis aí a tua mãe’ (João 19, 26-27).

Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia significa também levar conosco, a exemplo de João, Aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe. Significa ao mesmo tempo assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia.

Instituição da Eucaristia


 "A instituição da Eucaristia  "


Leitura :Lucas 22,7-20

 


A Missa tem valor inestimável. É nesse mistério de fé que o povo de Deus alimenta-se do Corpo e Sangue de Jesus, pois a “Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta sacramental de Seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele” (Catecismo da Igreja Católica, n.1362). O Papa João Paulo II, no início da sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia afirmou que “a Igreja vive da Eucaristia”, assim, toda nossa atenção e interioridade a tudo que compõem o antes, o durante e o depois da Missa são essenciais para uma plena participação. Vejamos pontos importantes para participar bem da Celebração Eucarística:



A Missa e a nossa participação:


1 – A fé


Cremos que “o Nosso Salvador, na última Ceia, instituiu o sacrifício eucarístico do Seu Corpo e Sangue, com o fim de perpetuar através dos séculos, até à Sua vinda, o sacrifício da cruz e, deste modo, confiar à Igreja, Sua amada Esposa, o memorial da Sua Morte e Ressurreição” 

Ter fé no que se celebra é fundamental, pois acreditamos com toda a Igreja no único e eterno sacrifício de amor de Jesus Cristo celebrado na Missa, com a certeza de que “a Eucaristia é o resumo e a suma de nossa fé” (CIC. 1327). Nisto, não basta somente ser batizado e estar inserido na Igreja, mas também é preciso que creiamos no que celebramos em cada Liturgia.


2 – A preparação


É necessária uma preparação em todos os sentidos para participar bem do momento ápice que é a Missa,  narra que Jesus mandou preparar uma grande sala quando ia celebrar com Seus discípulos a ceia pascal em que instituiu o sacrifício do Seu Corpo e Sangue. Sobre essa passagem bíblica que mostra toda uma preparação, “a Igreja sempre julgou dirigida a si esta ordem, estabelecendo como preparar as pessoas, os lugares, os ritos e os textos para a celebração da Santíssima Eucaristia” 

Dessa forma, diante do grande mistério de amor que se apresenta a nós na Missa, devemos preparar o nosso coração com antecedência, para bem vivê-lo. Já bem antes da celebração, é importante tentar administrar as possíveis agitações interiores, as preocupações vãs, as ansiedades, as confusões e tudo o que é secundário em relação ao essencial, que será a Celebração Eucarística.


3 – A disposição


A Missa é central para o católico, e todos devem direcionar-se com disposição e liberdade a este momento. Ir por simples obrigação à Missa é privar-se dos vários benefícios que ela proporciona, porque Deus espera de nós atos de amor e fé, e não só uma presença preceitual, que também deve ser observada. Na Celebração da Missa, centro de toda vida cristã, encontra-se o ápice da ação pela qual Deus santifica o mundo em Cristo, e o culto que os homens oferecem ao Pai por adorar o Filho Jesus.  Portanto, precisamos alimentar nossa disposição para estarmos na Missa e participarmos bem dela com tudo o que somos, e prestarmos o culto ao Pai no Filho com alegria e gratidão.


4 – Os gestos e postura do corpo


A Igreja ensina que “os gestos e posições do corpo tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do ‘povo’ devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, compreenda-se a verdadeira e plena significação de suas diversas partes, e se favoreça a participação de todos” 

É imprescindível que o nosso corpo, mente e coração estejam em conformidade com o que se está celebrando. Que a visão esteja focada no altar e no sacerdote; que a audição absorva os sons que ajudam a vivenciar o mistério celebrado; e que até o tato não desvie nossa atenção ao utilizar objetos que não estão relacionados ao momento Eucarístico. Que todo o nosso ser esteja voltado para a Liturgia celebrada. Que toda nossa postura seja adequada à sacralidade da Missa.

Tudo isso para que todos formem um só corpo, quer ouvindo a Palavra de Deus, quer participando nas orações e no canto. Pois essa é uma unidade que se manifesta em beleza nos gestos e atitudes corporais que os fiéis observam todos juntamente. (Cf. IGMR, n.96).


5 – Guardar o silêncio


Antes do início da celebração, é louvável observar o silêncio na Igreja, na sacristia e nos lugares mais próximos, para que assim haja uma devida preparação para celebrar, devota e dignamente, os ritos sagrados. Na Missa, deve-se guardar nos momentos próprios, o silêncio sagrado como parte da celebração, em que, no ato penitencial e ao convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; nas leituras e homilia, o silêncio é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; e depois da comunhão, o silêncio favorece a oração interior de louvor e ação de graças. (Cf. IGMR, n. 45).


6 – Atenção à liturgia


É importante que toda a assembleia, povo de Deus, participe integralmente da Missa, observando cada parte que são: os ritos iniciais, a liturgia da palavra, a liturgia Eucarística e o rito de conclusão. Outro ponto é ter a clareza do Tempo Litúrgico que a Igreja está celebrando, que são os ciclos do Tempo Comum, Advento, Natal, Quaresma e Páscoa.

Com isso, a realização litúrgica da Missa, por meio de sinais sensíveis, que alimenta, fortalece e exprime a fé, deve suscitar em cada pessoa o desejo intenso de participar ativa e plenamente. Pois, “pela Celebração Eucarística, já nos unimos à liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando Deus será tudo em todos” (CIC. 1326).

O Papa Francisco, na sua catequese do dia 8 de novembro de 2017, disse: “Não vos esqueçais: participar na Missa é viver, mais uma vez, a paixão e morte redentora do Senhor”. Portanto, a vivência deste sublime mistério de amor, sempre nos conduzirá ao próprio Cristo, que se entregou e se entrega a cada um nós no hoje da sua Páscoa.

Preparação para a Santa Missa


 Preparação para a Santa Missa

Leitura 1Cor 11, 27-29

Além de uma compreensão teórica e principalmente de experiência pessoal — em que nos colocamos como crianças diante de uma Mistério que não somos capazes de compreender, mas que gera em nós tal fascinação, que nos obriga a mergulhar diariamente como quem treina, a fim de ir cada dia um pouco mais profundo, apesar de saber que sempre teremos que voltar à tona, pois não somos capazes de permanecer, aqui, nesta terra, totalmente submersos o tempo todo, então, vamos dia após dia um pouco mais —, alguns elementos externos, podem também, contribuir para que nos preparemos bem para a Eucaristia, como por exemplo: chegar um pouco mais cedo ao local da celebração, silenciar, meditar algum texto Eucarístico ou jaculatória, rezar o terço, vestir-se adequadamente, portar-se bem, ter postura, guardar o jejum Eucarístico, não usar o celular como forma de distração e até mesmo desligá-lo, participar de cada parte da missa com atenção e, claro, estar em estado de graça, e sobre isso também nos orienta o Catecismo no número 1385:

“Para responder a este convite, devemos preparar-nos para este momento tão grande e santo. São Paulo exorta a um exame de consciência: ‘Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e, então, coma desse pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação’ (1Cor 11, 27-29). Aquele que tiver consciência dum pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação, antes de se aproximar da Comunhão.”




Sacramento da Eucaristia


Como já dissemos, a Eucaristia é o Sacramento do amor. E como é que nos preparamos para encontrar a quem amamos e que sabemos que nos ama? Adaptando aqui a fala de Sant Exupery, no clássico O pequeno Príncipe: “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz”.

Trazendo para esse contexto, se a missa é às quatro, desde as três comecemos a nos preparar, desde às três nos coloquemos em atitude de contemplação, diante do Mistério a que iremos participar.

Claro que tudo isso não é do dia para noite, é preciso empenho, é treino, exercício, até que vire um hábito, e daqui a pouco se torne natural. Então, não desanime, “importa prosseguir decididamente”, diante das tentações que, sem dúvida, aparecerão, além das nossas próprias misérias humanas que tentarão persuadir-nos a desistir.

Eu mesma tenho uma séria dificuldade de atenção, minha estratégia é retomar… Quando percebo que meu pensamento se foi, retomo. Volto à atenção.

Ainda não participo como gostaria, como creio que é justo e digno do amor e sacrifício de nosso Senhor, mas creio e espero que Ele considere meu esforço para amá-Lo sempre um pouquinho mais, em cada Santa Missa. Não nos esqueçamos do que nos ensina são Paulo: “Mas Ele me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza'” (2 Cor 12,9).


Oração


Que Deus nos ajude a amá-Lo sempre mais para bem recebê-Lo, ainda que saibamos como o centurião que nunca seremos dignos de que Ele entre em nossa casa.

Deixo aqui a oração de Santo Tomas de Aquino para antes da Missa:

“Deus eterno e todo-poderoso, eis que me aproximo do sacramento do vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo. Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois, a abundância da vossa liberalidade, para que Vos digneis curar a minha fraqueza, lavar as minhas manchas, iluminar a minha cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha nudez. Que eu receba o Pão dos Anjos, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, com o respeito e a humildade, a contrição e a devoção, a pureza e a fé, o propósito e a intenção que convêm à salvação da minha alma.

Dai-me que receba não só o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor, mas também o seu efeito e a sua força. Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher com tais disposições o Corpo que o vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu da Virgem Maria, que seja incorporado ao seu Corpo Místico e contado entre os seus membros. Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo agora o vosso Filho sob o véu do sacramento, possa na eternidade contemplá-la face a face. Vós, que viveis e reinais na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.”

Como Preparar- me para Eucaristia?






Passagem Bíblica 
Mt. 26-29

Por muito tempo, eu só fui para a missa como preceito, depois, aos poucos, fui entendendo a importância da Eucaristia e passei a participar desse sacramento todos os dias. E, depois de entrar para Canção Nova, passou a ser minha “obrigação” ir à missa todos os dias, vou explicar, faz parte da nossa regra de vida a participação na Santa Missa diária, assim como a adoração diária, o terço, o estudo da Palavra e a confissão pelo menos 1 vez ao mês, essas são as nossas práticas de piedade. Sim, são obrigatórias para nós, membros da Comunidade Canção Nova, contudo, não devem jamais serem vividas somente pela obrigatoriedade, e sim pelo amor.
Ainda assim, tendo essa consciência, não faz muito tempo que percebi que estava vivendo e participando da Santa Missa sem me preparar, infelizmente, me habituei a ir, mas não me habituei a me preparar para vivê-la da melhor maneira possível, apesar de ter essa intenção.


Eucaristia

Assim como para a prova, é ainda mais necessário preparar-me para a Santa Missa. Beleza, essa parte tenho certeza de que você já entendeu! Então, como preparar-me para a Eucaristia? Como já disse no início, antes de tudo, precisamos entender o grande Mistério em que estamos inseridos, precisamos compreender que a Eucaristia é o Sacramento do amor, Jesus se dá a nós por amor, quis ficar conosco porque nos ama. Ele atualiza em cada Santa Missa o seu sacrifício de amor, a Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Na Eucaristia, Ele nos diz, em outras palavras: “Eu faria/faço hoje de novo porque te amo, para que saibas que é amado”.
“Ele fica misteriosamente no meio de nós, como Aquele que nos amou e Se entregou por nós , e permanece sob os sinais que exprimem e comunicam este amor”, (Catecismo 1380).
O Catecismo, no número 1324, vai dizer: “A Eucaristia é ‘fonte e cume de toda a vida cristã’ . ‘Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa” .
E segue dizendo, no número 1326: “Enfim, pela celebração eucarística, unimo-nos desde já à Liturgia do céu e antecipamos a vida eterna quando ‘Deus for tudo em todos'” (1 Cor 15, 18 ). Ou seja, compreender que o Mistério do qual fazemos parte é muito maior do que nós, maior até que nossa capacidade de compreendê-lo, é o pontapé inicial para uma boa preparação.