Liturgia, a Alma da Igreja

 


Formação Parte 01


A liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte de onde emana toda sua força, pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isso: que todos, feitos pela fé e pelo batismo dos filhos de Deus, juntos se reúnam, louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comam a ceia do Senhor (cf. SC 10).

Quando ouvimos falar em liturgia, normalmente, lembramo-nos de normas de celebrações, manuseio de objetos sagrados, coisas ligadas à sacristia. Mas, com certeza, essas são ideias falsas, pois liturgia é algo muito mais profundo: é a alma da Igreja.

A liturgia leva os cristãos a uma maior aproximação de Deus


A palavra deriva de dois vocábulos gregos: LEITON = povo e ERGON = ação, serviço dedicado. Na Sagrada Escritura, a palavra aparece, pela primeira vez, na tradução grega (LXX), onde o culto e todos os ritos da Lei de Moisés são assim chamados. No Novo Testamento, é, principalmente, nos escritos de Paulo que encontramos o termo, tendo três sentidos diferentes: um profano, quando designa qualquer serviço pessoal ou coletivo; um cúltico designando rituais de celebração e um vivencial, quando se refere ao culto a Deus. Na Didaqué, a palavra vai designar a ação de Cristo. O culto prestado por Cristo ao Pai.

Na primeira constituição disciplinar promulgada pelo Concílio Vaticano II, que trata da reforma e do incremento da liturgia, temos: “Toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de Seu Corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja” (SC 7).


As dimensões litúrgicas


São duas as dimensões litúrgicas: glorificação de Deus e santificação do homem. Uma completa a outra, uma é consequência da outra. Enquanto glorificamos a Deus, nós nos santificamos. A liturgia deve sempre nos levar a uma maior aproximação com Deus, o que sempre nos levará a uma atitude de conversão. Sendo rica em símbolos, todos se referem à realidade de Jesus Cristo e do Reino de Deus. Toda essa rica simbologia está impregnada do Espírito de Jesus Ressuscitado, para que esta celebração da manifestação misericordiosa de Deus para com Seu povo, seja uma ação orante que atinge o coração, provocando uma verdadeira relação de amor com Deus que veio fazer aliança conosco. Tudo deverá nos levar sempre a sentimentos de mudança, de renovação. Não podemos jamais sair de uma celebração do mesmo modo com entramos. Ela sempre deverá nos levar a uma vida nova em Cristo.

Sendo a liturgia ação de Deus e de Seu povo, ela não pode nunca ser ação de algumas pessoas ou de um determinado grupo ou movimento. Quem celebra é sempre o povo de Deus, o Corpo de Cristo, uma comunidade reunida por Cristo e em Cristo na unidade do Espírito Santo. Não se trata, aqui, de um povo qualquer, mas de um povo formado por pessoas que, acolhendo o convite de Deus pela escuta da Palavra, reúne-se em assembleia para celebrar.


Liturgia não é só celebração da missa dominical


Nela, estão entendidas todas as formas que a Igreja tem para celebrar o mistério cristão, todas as formas rituais que permitem vivenciar e experimentar a íntima comunhão com Deus e com os irmãos (cf. Doc 43 CNBB). Para isso, é de grande importância a participação ativa dos fiéis. E para promover esta ativa participação, devem-se “incentivar as aclamações do povo, as respostas, as salmodias, as antífonas e os cânticos, bem como as ações e gestos e o porte do corpo. A seu tempo, seja também guardado o silêncio sagrado” (SC 30).

Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. (SC 8 – Fl 3,20)

O que é oração de intercessão?



 O que é oração de intercessão?


Saiba a força da oração de intercessão


A palavra “interceder” pode ser entendida como a ação de alguém que se interpõe, por isso se faz “intercessor”. O intercessor desempenha o papel de defesa, como um advogado, numa briga, tentando promover a conciliação.

Para ilustrar, relato aqui uma experiência pessoal muito dolorosa: no colégio em que estudava, havia um menino com traços bem afeminados. Por conta de sua fragilidade, vários garotos abusavam dele. Ao fim de um dia de aula, quando saímos do colégio, surgiram alguns garotos para “pegá-lo”, e nós, colegas, já sabíamos que a intenção não era nada boa. O menino, naturalmente, tentava escapar, porém os garotos usavam de força física, puxando-o pelo braço para levá-lo.

Como também era franzino, não tinha capacidade física suficiente contra a força daqueles malfeitores, e meu coração se partiu quando imaginei o que fariam com o pobre menino. Minha vontade era de me colocar no meio, intervir na situação, usar minha força para afastar aqueles garotos e proteger o menino, ficando na frente dele. O problema era que, naquele tempo, eu não tinha coragem nem força física, portanto, não conseguiria resolver nada.

A intercessão é, essencialmente, uma atitude. Diante da necessidade daquele menino, o meu desejo era de me colocar entre ele e os seus inimigos, impedindo o confronto. Essa é a atitude do intercessor: alguém que se põe no meio, que se envolve, que corre o risco, que paga o preço.

Certamente, se naquela ocasião eu me colocasse na frente dos garotos, receberia murros e pontapés – e quem é intercessor recebe mesmo. Voltaria para casa com cicatrizes e machucados, mas vitorioso, feliz por não ter permitido aquele confronto.

A intercessão é uma briga com inimigos. O que aqueles garotos pretendiam fazer com o menino é muito pouco se compararmos com aquilo que o inimigo quer fazer com os cristãos.

Esse relato foi apenas para ilustrar o papel do “intercessor”, já que nossa percepção é pequena quando pensamos em sua função. O intercessor se prostra diante do Senhor e reza, mas não apenas isso. Sem dúvida, a oração é a condição mais importante, mas é de capital importância que entendamos qual deve ser a verdadeira atitude do intercessor.

O intercessor é alguém que “se move para o meio”, lembrando que o próprio verbo “mover” faz supor a ação de alguém que se comove com a situação.

Na situação da minha infância, minha vontade era gritar: “Não! Esse garoto vocês não levam! Podem me bater, machucar, mas este garoto vocês não levam!”.

Essa é a atitude do intercessor: de tal maneira, seu coração fica tocado pela situação do outro que se coloca no meio. Trazendo a explicação para o nosso cotidiano, o intercessor, ante a necessidade de outra pessoa, coloca-se entre Deus e a pessoa, exercendo o papel de advogado. Como num júri, o réu não pode nem deve dizer nada, apenas permanecer calado, pois seu porta-voz é o seu advogado, que pode e sabe como falar. Chegamos, porém, à conclusão de que, como intercessores, não sabemos nos colocar nem defender a outra pessoa, ou seja, ficamos sem saber o que fazer, por isso recorremos a Deus.



Um bom Estudo G e P.